Portugal e China reafirmam aposta na nova Rota da Seda
New Silk Road
A poucas horas de terminar a visita oficial de Xi Jinping, presidente da Republica Popular da China, a Portugal, os dois países reiteram o interesse em dinamizar um papel conjunto no desenvolvimento dos caminhos da nova Rota da Seda.
Entre os acordos bilaterais assinados ao inicio da tarde desta quarta feira no Palácio de Queluz está o estabelecimento de um “Memorando de Entendimento sobre cooperação no quadro da Faixa Económica da “Rota da Seda” e da iniciativa relativa à “Rota da Seda Marítima” do século XXI”.
O entendimento teve como protagonistas Augusto Santos Silva, Ministro dos Negócios Estrangeiros pelo lado português e pelo lado chinês Director da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma, He Lifeng, Diretor da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma.
Através do memorando ficaram estabelecidas quais serão “as modalidades de cooperação bilateral no âmbito da iniciativa chinesa Uma Faixa, Uma Rota”. A conectividade e a mobilidade eléctrica foram os exemplos avançados para o estreitar das relações.
Uma intenção em afinar agulhas também presente na declaração conjunta dos dois países que remata a visita oficial do dirigente chinês e comitiva. Sobre o reforço da parceria estratégica global adianta o ponto sete:
“Portugal saudou e manifestou o seu interesse em participar na Iniciativa Uma Faixa e Uma Rota da China. As duas partes decidiram assinar o Memorando de Entendimento entre os dois governos sobre a referida Iniciativa, que consagra o aprofundamento do diálogo político e promove a conectividade sustentável entre a Europa e a Ásia nos domínios dos transportes – nomeadamente através do desenvolvimento de ligações estratégicas diretas pela via aérea, bem como terrestres e marítimas, da energia, do digital e do humano, o comércio livre e justo, o estreitamento da cooperação e o entendimento entre os povos nos domínios de interesse comum, numa base harmoniosa, equilibrada e respeitadora dos compromissos internacionais igualmente assumidos por cada uma das Partes”.
A presença de Portugal no estabelecimento de uma nova Rota da Seda entre a China e a Europa entronca na faixa atlântica, com enfoque no Porto de Sines, e na via terrestre, com a ferrovia do Corredor Sul.
O porto alentejano é visto como porta de entrada, ou de escoamento, no movimento pendular de mercadorias. A ferrovia, por seu turno, apresenta-se como o canal privilegiado para legitimar esse fluxo.
No modo ferroviário, para potenciar esse papel, está em curso um processo de construção de novos troços de via férrea entre Évora e a fronteira, no corredor sul.
A linha deverá conferir capacidade ao tráfego e agilizar a conectividade dos portos de Lisboa, Setúbal e Sines a Madrid e à Europa. No entanto a projecção da infraestrutura no terreno tem sido lenta. O traçado do corredor entre Évora – Évora Norte é um bom exemplo, porque ainda está por definir.
Mas há que tenha um papel para ligação ferroviária e que dê um argumento porque deve haver mais agilidade na execução do projecto. O corredor sul, defendeu recentemente a AFERSIT, poderá servir para prolongar as composições, provenientes da China, que hoje chegam a Espanha à faixa Atlântica.
Existe também, dentro do sector, quem relembre que para a representação de um papel mais activo a ferrovia tem de ter condições. Um quadro da operador Medway lembrou recentemente que o troço Sines – Ermidas do Corredor Internacional Sul é um gargalo, no acesso a Sines.
São cerca de 50 km onde referiu que não é possível cruzar comboios de 750 metros. Para reforçar que a solução para a ferrovia de mercadorias do Porto de Sines, passa mais por criar uma redundância entre Sines e Grândola do que colocar comboios a circular por Ourique e Casa Branca.
Protagonismo na nova Rota da Seda que Portugal quer assumir, também a sul, com o Porto de Sines. O concessionário do terminal XXI está a alargar a área de contentores, a aumentar o número de porticos e a expandir o terminal ferroviário.
Em Sines há ainda espaço para a construção de um novo terminal de contentores. O anuncio de quem aumentará a capacidade e o protagonismo de Sines como Porto de contentores, é que ainda não foi anunciado.
A convergência num papel comum no empenho da construção da nova “Rota da Seda” foi um dos 17 acordos bilaterais acordados entre António Costa e o Chefe de Estado Chinês.
O presidente chinês Xi Jinping visitou Portugal nos dias 4 e 5 de Dezembro 2018 a convite do presidente português Marcelo Rebelo de Sousa.
