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Na espuma dos dias, duas questões à ADFERSIT

Na semana passada Espanha acolheu, em Badajoz, um encontro regional preparatório da próxima reunião do Corredor Atlântico. Quadros do sector dos dois lados da fronteira abordaram, entre outros aspectos, uma posição comum a levar ao encontro.

Pelo meio, em declarações à imprensa espanhola, no conjunto de obras a realizar o responsável pelo corredor alertou para a necessidade de agilizar a ligação Sines – Madrid na operacionalidade do corredor.

Para ajudar a compreender o impacto da reunião na rede ferroviária nacional a webrails.tv abordou a ADFERSIT.

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webrails.tv: Do ponto de vista da ADFERSIT que leitura se pode retirar da reunião regional do Corredor Atlântico?

Tomás Leiria Pinto: Torna-se indispensável que a Infraestrutura de Portugal, certamente presente nesta reunião em Badajoz, disponibilizasse informação quanto à calendarização que está prevista para o Corredor Atlântico, nomeadamente no troço Sines – Setúbal – Lisboa – Évora – Mérida -Plassencia- Madrid – Valladolid, já que são públicas as críticas dirigidas aos representantes portugueses no AEIE (Portugal, Espanha, França e Alemanha), responsável pelo referido Corredor, nomeadamente à apatia e pouca ambição com que têm defendido a prioridade das ligações Portugal/Espanha no corredor destinado a integrar a FACHADA ATLÂNTICA (Portos de Sines. Lisboa , Aveiro e Leixões) nas ligações à Rede Ferroviária Europeia.

Que características de inter-operabilidade estão previstas para este troço?

Este não será um dos troços que permitirá à nossa integração às Redes Globais, como muito bem expressou o nosso 1º Ministro Dr. António Costa, por ocasião do Debate sobre o Portugal 2030, na sessão no LNEC no passado dia 19 de Junho?

Afinal, o troço Évora – Mérida pertencente ao Corredor Atlântico, quando se fala na necessidade em acelerar a sua construção, é para uma data anterior a 2021?

Será que o troço e a inter-operabilidade terminam em Mérida na Plataforma Logística del Suroeste Europeo?

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Por outro lado, ainda na semana passada, Espanha anunciou que vai melhorar a potencia de um troço do corredor Porto – Vigo.  A operacão manutenção da rede seria normal se esse não fosse um dos corredores, a par da ligação Vilar Formoso – Salamanca, a electrificar a 25 kV – 50hz.

 

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webrails.tv – Que interpretação se pode retirar da opção quando Portugal está a electrificar a linha do Minho?

Tomás Leiria Pinto: A notícia sobre a electrificação Vigo-Fronteira Portuguesa refere que os trabalhos se destinam a “aumentar a potência e melhorar as subestações Guillarei, Sela e Redondela”. Melhorar subestações quer dizer que o troço já está electrificado. Se está, então a tensão é 3kV – CC.

Mas 3 kV – CC, implica o uso de locomotivas e automotoras bi-tensão, uma vez que a Linha do Minho será electrificada a 25 kV – 50hz.

A CP não tem, nem está previsto ter, locomotivas ou automotoras bi-tensão o que implica que as ligações Porto-Vigo terão que ser feitas com material circulante da RENFE, o que contraria o que desde sempre ficou estabelecido em matéria de comboios internacionais Portugal/Espanha, pois o comboio Celta (Porto-Vigo) e o Sud-Expresso (Lisboa-Irun) são comboios portugueses e o Lusitânia Express (Lisboa-Madrid) é um comboio espanhol.

Para respeitar isto a electrificação em causa, deveria ser feita a 25 kV – 50Hz.

Será que a regra já mudou e ninguém sabe disso ou, mais grave, os nossos representantes no AEIE não se aperceberam com o que se está a passar?

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