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Iberian Rail Development

mecaoriasTejoO workshop Iberian Rail Development, a realizar a 3 de Março de 2015, vai juntar num único dia no mesmo local em Lisboa os principais stakeholders da ferrovia portugueses e espanhóis, permitindo o estabelecimento de contactos e trocas de experiências e conhecimentos que poderão vir a ser úteis no futuro. Como aspecto menos conseguidos em termos organizativos considera-se que o nº excessivo de oradores em alguns painéis, ou o tempo insuficiente para o nº de membros do painel, não permitirá a análise em profundidade dos temas em discussão. Considera-se que teria sido preferível haver menos painéis ou menos oradores por painel, para permitir um maior aprofundamento dos temas, que são de grande interesse.

O vasto programa inclui apresentações sobre temas estratégicos e técnicos, com predominância dos primeiros, mas razoavelmente balanceados. Os temas do workshop são de grande interesse e incluem assuntos como as estratégias de financiamento e planeamento das redes ferroviárias ibéricas, a sua integração no sistema ferroviário europeu, a liberalização do mercado e a introdução gradual da concorrência, fundamentais para o aumento da competitividade da ferrovia, e as questões de intermodalidade, fundamentais para o desenvolvimento do transporte ferroviário de mercadorias, que tem actualmente quotas de mercado baixíssimas. Esta é uma situação que urge alterar para bem da competitividade das economias portuguesas e espanhola, que para Portugal é particularmente importante nos tráfegos internacionais. No domínio técnico as apresentações incidem essencialmente sobre as áreas de sinalização e telecomunicações.

No entanto no âmbito da península Ibérica um dos principais problemas, provavelmente o principal numa perspectiva de médio e longo prazo, é o facto de a sua integração no Sistema Ferroviário Europeu, que obviamente passa por garantir condições de interoperabilidade total, ser o mais difícil de resolver na Europa ocidental.Isto deve-se à diferença da bitola entre as redes convencionais de Portugal e Espanha, por um lado, e as redes ferroviárias de quase toda a restante União Europeia, por outro. Assim este tema mereceria maior destaque, pois apesar de estar implícito em diversos temas e provavelmente poder ser referido em diversas intervenções, justificar-se-ia ser objecto explícito de análise. Assim deixa-se a sugestão, para uma oportunidade futura, de incluir temas como o desenvolvimento das novas redes de bitola europeia na península Ibérica e a migração da bitola ibérica para a bitola europeia nas redes convencionais. No entanto estes temas podem eventualmente ser referidos nas intervenções sobre os Planos Directores e de investimento nas redes ferroviárias portuguesas e espanhola, e deveriam sê-lo em diversos outros, nomeadamente o painel “Como pode a península Ibérica desenvolver a sua parte do futuro Sistema ferroviário europeu”. Infelizmente estes temas não são explicitamente referidos nos assuntos a discutir por este painel e nas intervenções sobre o mesmo tema que o antecedem. Também poderia ser positivo no futuro aumentar o destaque de temas relacionados com a intermodalidade, nomeadamente as ligações da ferrovia aos portos e plataformas logísticas, para as mercadorias, e da rede de alta velocidade aos aeroportos e meios de transporte regional e urbano, para passageiros.

Mário Lopes
Presidente da ADFERSIT (http://adfersit.pt)
12 de Fevereiro de 2015