O Valor da Palavra
Nos passados dias 13 e 14 do corrente mês realizou-se o 13º Congresso da ADFERSIT, na Fundação Calouste Gulbenkian. Não vou fazer aqui nenhuma apreciação qualitativa do Congresso, quero apenas olhar para duas das intervenções, nas quais foram abordados os investimentos para o sector ferroviário. A primeira, a do Senhor Administrador da Infraestruturas de Portugal, referindo o programa 2020 e a segunda, a do Senhor Ministro da tutela referindo o início da preparação do novo Quadro Comunitário de Apoio, a ser operacionalizado depois de 2020.
Recordando o mapa da rede ferroviária nacional projectado na apresentação, feita pelo Administrador da IP, fico com a enorme expectativa de que a actual RFN tenha, nos próximos tempos, significativas melhorias na sua infraestrutura ganhando com isso as pessoas e a economia, lato sensu. A actual RFN vai manter-se por largas décadas, independentemente das decisões que venham a ser tomadas, a curto prazo, sobre a bitola europeia. Temos, por isso, não apenas de fazer melhorias na actual rede, como temos de adquirir algum material circulante de passageiros para a CP, o que também foi afirmado, pelo Ministro que seria feito.
Da intervenção do Ministro da Tutela destaco, com muito agrado, a decisão de se começar já a preparar próximo Quadro Comunitário de Apoio, com participação alargada, não só das forças políticas mas, também, de instituições da sociedade civil, com vista ao maior consenso na sociedade portuguesa e onde se irá equacionar a rede de bitola europeia.
Finalmente, quero também lembrar a reafirmação pelo Ministro (o Senhor Primeiro-Ministro já o tinha dito em entrevista recente) da recriação do Conselho Superior de Obras Públicas…(e Transportes?).
O melhoramento da actual RFN; a aquisição de material circulante de passageiros para a CP; a discussão ampla e em tempo oportuno, do novo Quadro Comunitário de Apoio, onde se vai integrar a nova rede de bitola europeia; e o novo Conselho Superior de Obras Públicas são questões relevantes para o País e que, naturalmente se saúdam.
Mas, o que nós tivemos foram palavras: palavras de um Administrador de uma empresa pública e de Ministro. Ao Senhor Primeiro-Ministro ouvimos, em várias oportunidades, a afirmação de que a “palavra dada é palavra honrada”. Será interessante percebermos, daqui a algum tempo, o valem as palavras ditas por um Administrador de uma empresa pública e por um Ministro do Governo Português.
Setembro de 2017
Joaquim Polido